Na verdade, escrever contos fantásticos requer muito treino, dedicação, leitura, disciplina e organização.
Eu escrevo desde os 15 anos, que foi quando enviei meu primeiro romance para uma editora, a Brasiliense, de SP. Essa experiência foi a primeira que tive no mercado literário, que é muito difícil e competitivo. Evidentemente meu livro foi recusado e não o publicaram. Ao receber os originais de volta decidi reler o que eu havia escrito. Vi, então, que estava muito ruim e que poderia melhorar. O editor Caio Graco Prado, dono da Editora Brasiliense, me enviou cartas com dicas para melhorar minha escrita e de como eu poderia encontrar meu próprio estilo. Esses ensinamentos eu guardo até hoje comigo, junto com os originais.
A dica mais importante que ele me deu foi para começar a escrever sobre mim. Ou seja, começar a trabalhar os textos com acontecimentos reais. Isso facilita a escrita. Principalmente se você tem dificuldades de criar histórias, personagens, etc. Então eu escrevi outro livro, desta vez autobiográfico, e enviei para a editora novamente. Outra vez meu trabalho foi recusado.
Percebi que não era hora de desistir, mas de me preparar ao longo dos anos. Então eu comecei a ler de tudo: Jornais, revistas, livros, quadrinhos, panfletos, bulas de remédio, manuais técnicos de equipamentos, etc. Pode parecer estranho, mas cada segmento que eu descrevi acima tem uma forma de escrita específica. E foi com essa percepção que eu comecei a entender a diferença entre os estilos diferentes de textos.
Os contos fantásticos são um estilo que me atrai muito porque eu vou produzindo aos poucos. E muitas vezes uso as minhas influências literárias como inspiração. São eles: Edgar Allan Poe (o melhor nos contos fantásticos de terror e suspense na minha opinião) e Nathaniel Hawthorne (com o seu livro mais aclamado A CASA DAS SETE TORRES eu consegui atingir um grau de detalhes de forma mais simples que os textos de Poe, ajudando a descrever os ambientes das tramas). Citei estes dois autores, pois são os que mais admiro no gênero de contos e romances de terror e suspense. Já a minha influência principal para contos que descrevem pureza, amizade, natureza, relação entre idosos, adultos, crianças e adolescentes, usando uma linguagem mais poética e sem ser chato, e com um estilo direto e sem rodeios, eu gosto dos livros do autor nacional (já falecido) José Mauro de Vasconcelos, autor do famoso livro MEU PÉ DE LARANJA LIMA. Mas este livro não é meu preferido. Gosto de dois que eu possuo em minha coleção e que sempre me ajudam: ROSINHA, MINHA CANOA (Que fala de um senhor que conversava com sua canoa e com toda a floresta, mas era tratado por um psiquiatra da cidade grande gratuitamente, que não acreditava nas histórias dele), e RUA DESCALÇA (Que conta a histórias de dois irmãos de família rica que perderam tudo e passaram a morar em um bairro muito pobre, numa casa simples e humilde e que não tinham ninguém por eles para ajudar na difícil e solitária vida de uma pessoa idosa. Os irmãos tinham que se cuidar e, ao mesmo tempo, cuidar e ajudar os moradores da rua. Principalmente crianças, que era onde os diálogos mais puros e simples aconteciam).
Então, após muita leitura e reflexão, eu pego um caderno, uma caneta e começo a esboçar meu texto. Vou escrevendo aos poucos e sem pressa. Faço rasuras, tiro parágrafos inteiros, mudo de posição, começo de novo, e assim vou até concluir a primeira parte do esboço. Depois de tudo isso eu começo a digitar no Word ao mesmo tempo em que vou corrigindo o texto. Também uso a correção ortográfica para relembrar algumas palavras que esqueço como se escreve. Mas não deixo a auto-correção habilitada. Isso deixa o cérebro preguiçoso. Depois de terminar o conto eu o releio várias vezes. Muitas delas fazendo o mesmo procedimento que faço no papel: ELIMINO PALAVRAS OU PARÁGRAFOS, ALTERO A ORDEM DE ALGUNS DELES, ACRESCENTO PARÁGRAFOS NOVOS, CORRIJO A CONCORDÂNCIA, SEMPRE ME PREOCUPANDO EM ELIMINAR A REDUNDÂNCIA DAS PALAVRAS NO MESMO PARÁGRAFO, ENTRE OUTRAS COISAS. No final, quando o texto está pronto para a publicação, eu o releio e confiro tudo novamente, pois a cabeça cansada deixa passar muitos erros. Tanto de português como de digitação. Aí, depois de tudo certo, posso dizer que finalmente terminei mais um conto.
Como você deve ter percebido, a construção de um bom conto se prende a algumas regras básicas e indispensáveis:
- LEIA SEMPRE TODOS OS TEXTOS QUE POSSAM MELHORAR SEU ESTILO E MELHORAR SUA GRAMÁTICA E INSPIRAÇÃO;
- ACEITE A OPINIÃO DE OUTRAS PESSOAS QUANDO ACHAREM QUE VOCÊ PODE MELHORAR;
- FAÇA MUITOS RASCUNHOS NO PAPEL ANTES DE DIGITAR SEUS TEXTOS;
- NÃO TENHA MEDO DE RECOMEÇAR UM PROJETO ANTIGO OU O QUE VOCÊ ESTIVER TRABALHANDO ATUALMENTE. SE ESTIVER RUIM COMECE TUDO NOVAMENTE. AFINAL, AS SUAS OPINIÕES E SUA INSPIRAÇÃO MUDAM DIA-A-DIA SEM QUE VOCÊ PERCEBA.
Acredito que eu já deva ter esclarecido muitas dúvidas que você dificilmente encontraria em livros ou somente perguntando a outras pessoas, professores, amigos e escritores. Mas é bom lembrar que eu descrevi aqui a minha experiência literária ao longo de todos esses anos. Você também poderá se inspirar no exemplo de outras pessoas que estiverem dispostas a compartilhar suas experiências com você.
E lembre-se: LEIA MUITO E ESCREVA SEMPRE!
FERNANDO MAGALDI
